A Chave Preciosa Cravejada de Joias

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Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö

Mañjuśrī

A Chave Preciosa Cravejada de Joias

Uma Sinopse da Aspiração da Grande Perfeição de Mañjuśrī

por Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö

Namo Mañjuśriye!

Mañjughoṣa, onipresente como o espaço,
Corporificação da sabedoria que está além das construções e ideias,
Guru e buda primordial, a você eu me prostro,
Enquanto revelo esta breve sinopse.

A seguinte explicação de "A Radiância Intrínseca da Consciência Lúcida Indestrutível e da Vacuidade: Uma Aspiração ao Significado da Base, Caminho e Fruição Indivisíveis da Grande Perfeição de Mañjuśrī" de Jamgön Mahāpaṇḍita Mipham Namgyal consiste em três seções principais: I) título, II) a explicação em si do conteúdo principal do texto e III) a conclusão.

I. Título

A Radiância Intrínseca da Consciência Lúcida Indestrutível e da Vacuidade: Uma Aspiração ao Significado da Base, Caminho e Fruição Indivisíveis da Grande Perfeição de Mañjuśrī

II. A Explicação

Há duas partes: A) um breve resumo e B) uma explicação elaborada.

A. Um Breve resumo

Isso possui duas partes:

1) Uma explicação que associa o nome de Mañjuśrī ao significado da base, Kadak Trekchö:

Você corporifica a sabedoria de todos os budas bem-aventurados e seus herdeiros
Através das dez direções e dos quatro tempos, e preserva o caminho da não-dualidade ―
Ó, sempre jovial Mañjuśrī, "Esplendor Gentil", o estado de perfeita igualdade:
Que possamos desenvolver espontaneamente o verdadeiro significado da não ação!

2) Uma breve descrição relacionada às bênçãos do guru e ao significado da luminosidade de Lhundrup Tögal, que é a expressão da consciência lúcida:

Com a devoção de visualizar o protetor primordial e o glorioso guru
Como o corpo iluminado da verdade, o dharmakāya da perfeita igualdade,
Que a inspiração da linhagem suprema seja transferida para os nossos corações,
E que possamos obter a grande iniciação da expressão da consciência lúcida!

B. Explicação Elaborada

Isso possui três partes: 1) base, 2) caminho e 3) fruição.

1. Base

A base, que estabelece a visão, inclui o seguinte:

a) Demonstrar a importância de confiar nas instruções de um guru que detenha a linhagem de reconhecer a sabedoria que reside na base:

Primordialmente presente e, como tal, não é produzida por meio do esforço,
Ela não depende das capacidades ou da constituição;
Sendo tão simples, duvidamos desse mistério da mente:
Que as instruções do guru nos permitam ver!

b) Indicar que isso não é algo que deveria ser buscado em outro lugar, bem como a necessidade de superar as elaborações do pensamento conceitual:

A elaboração e a análise do pensamento são supérfluos,
Ao passo que buscar e cultivar só servem para exaurir.
Concentrar-se e meditar são armadilhas que apenas aprisionam ―
Que essa complicação penosa cesse em sua mente!

c) Determinar que isso nada mais é do que o estado natural de sua própria mente, exatamente como ele é:

Além do pensamento e da expressão, não há nada que seja visto.
Tampouco há algo além disso, algo adicional, invisível.
Esse é o aspecto profundo que a mente deverá descobrir.
Que possamos compreender essa natureza, tão difícil de apontar e esclarecer!

d) Aspirar o significado da grande igualdade inexprimível, além de todo apego aos extremos da existência e da não-existência:

Sendo sempre pura, isenta de complexidade, ela escapa do extremo eternalista.
A radiância de rigpa está espontaneamente presente, não é uma ausência niilista.
Embora se fale sobre os dois, a intenção é facilitar a compreensão:
Que possamos ver o significado da igualdade, além da divisão e da descrição!

2. Caminho

Como praticar através da meditação no caminho que inclui o seguinte:

a) Como Cultivar o Caminho de Kadak Trekchö

i) Como a essência de dharmatā está além da análise intelectual e como aspirar à visão com a sabedoria da consciência lúcida autocognoscente:

Assim como um dedo apontando para a lua,
Inicialmente o raciocínio e as palavras indicam o caminho
Mas o estado natural não é objeto do pensamento,
Então, vamos olhar para dentro e, com isso, realmente ver!

ii) Aspiração ao significado da grande perfeição espontânea e autônoma, além de qualquer rejeição ou cultivo, eliminação ou acréscimo:

Nela, você não encontrará nada a ser removido,
Nem conceberá o que poderia ser acrescentado ou produzido.
Dharmatā não é maculada por esforços no sentido de bloquear ou cultivar:
Que possamos acessar o estado que está espontaneamente presente!

iii) Demonstrando, por meio do exemplo do espaço, como todos os fenômenos da base, do caminho e da fruição são meramente rótulos dentro da condição natural e a aspiração ao que não requer esforço:

Embora possamos rotular uma base a ser conhecida,
Um caminho a ser seguido ou uma fruição a ser alcançada,
No estado natural, todos esses aspectos são como níveis de espaço:
Assim, sem esforço, podemos nos manter na verdadeira não-ação!

iv) Aspirar ver a condição natural da pureza primordial, que está além de todas as formas de dualidade, tal como a dicotomia entre saṃsāra e nirvāṇa:

Os fenômenos saṃsāricos impuros, concebidos através da delusão,
E seus opostos também, rotulados de "aparência pura",
São designações dependentes, projeções fabricadas:
Que possamos ver sua ausência na condição não elaborada!

v) Aspirar permanecer naturalmente na condição genuína, uma vez que todos os fenômenos da mente comum obscurecem a condição natural de dharmatā:

A natureza verdadeira como ela é, além da mente comum,
É obscurecida por noções contaminadas de visão e meditação.
Na verdadeira simplicidade não há teoria nem prática:
Que possamos permanecer naturalmente na condição genuína!

vi) Aspirar ver dharmatā, que é livre de todos os venenos, falhas e caminhos arriscados:

Possuir algum ponto de referência apenas envenena a visão,
A fixação deliberada é apenas uma falha meditativa,
Aceitar e rejeitar são prejudiciais à ação:
Que possamos ver a natureza primordial além de tais aflições!

b) A aspiração ao Caminho da Grande Luminosidade Secreta, o Lhundrup Tögal da Expressão da Consciência Lúcida

i) Aspirar ver diretamente dharmatā, que é a radiância intrínseca da consciência lúcida:

A visão direta do que transcende a mente comum:
É a radiância de Rigpa que não está confinada a conceitos,
E sem amarrarmos o céu com o laço da suposição,
Vamos conquistar o estado genuíno do repouso natural!

ii) Aspirar acender a lâmpada da visão que surge naturalmente, a qualidade cognoscente da clareza interna:

A Voz Gentil ― Mañjughoṣa ― da luminosidade natural
É a cognição da autocognoscência lúcida, o corpo vaso juvenil:
Que a lâmpada brilhante da visão naturalmente surgida
Dissipe a densa escuridão dos obscurecimentos da mente!

c) A conclusão sobre a obrigatoriedade dessas duas práticas

i) Demonstrar que não há nada a ser alcançado por meio de caminhos fabricados para a sabedoria naturalmente surgida:

Na natureza primordial, que não é composta e não é criada,
Nada pode ser gerado através de caminhos fabricados,
É por isso que o fruto supremo não surge de uma causa.
Que possamos ver o que está primordialmente dentro de nós!

ii) Aspirar praticar as instruções que realizam a nossa própria consciência lúcida, uma vez que todos os caminhos da especulação intelectual não levam além de um caminho delusivo:

A rigidez das palavras a respeito de ideias especulativas somente induzem à delusão:
Independentemente de como são proferidas, continuam sendo uma teia de pensamento discursivo.
Em vez disso, devemos praticar as instruções profundas essenciais,
Que não se originam das escrituras, mas são conhecidas pela intuição!

iii) Demonstrar como os fenômenos da mente baseada em referências são deludidos e a aspiração de alcançar a sabedoria do dharmakāya, que é autossurgida e não-composta:

A mente composta objeto e observador é essencialmente deludida.
Não importa qual seja seu foco, ela nunca está em conformidade com o modo de como as coisas realmente são.
Que possamos alcançar o estado búdico da realidade definitiva ―
O kāya natural da sabedoria que não deriva da mente!

iv) Aspirar conquistar a fortaleza do dharmakāya sem localização, a esfera única e perfeita da luminosidade que é a grande igualdade original de todos os fenômenos do saṃsāra e nirvāṇa:

Dentro do espaço que tudo permeia de rigpa, vazio e desperto,
Todas as coisas são iguais e, nessa esfera única e perfeita,
Não há anseios ou temores em relação ao saṃsāra ou nirvāṇa:
Que possamos conquistar essa fortaleza do dharmakāya além de tempo e espaço!

d) Além disso, demonstrar como a atividade da autoliberação proporciona o aprimoramento:

Isso significa adicionalmente apresentar como há um aprimoramento do espaço e da consciência lúcida por meio da grande atividade não elaborada de refinar todas as percepções sobre o ambiente, objetos sensoriais ou corpos, de modo que eles sejam autoliberados pela luz flamejante da grande sabedoria luminosa e todas as percepções subjetivas são impulsionadas a um estado de esgotamento dentro de dharmatā:

Tudo o que percebemos, como o corpo ou como objetos sensoriais,
É semelhante a uma visão enganosa, que se manifesta apenas pela força do pensamento —
Por meio da radiância natural da grande sabedoria não conceitual,
Que tudo seja purificado no espaço original onde os fenômenos se extinguem!

3. Fruição

Aspirar obter todas as características do kāya de sabedoria que é extremamente puro e imaculado:

Nesse momento, que possamos obter a fruição suprema e desobstruída,
E, numa forma de um buda de sabedoria tão vasta e ilimitada quanto o céu,
Nos tornarmos joias que realizam desejos, proporcionando benefícios e felicidade
A todos os seres por todas as direções, ao longo de toda a infinidade do espaço e do tempo!

III. Conclusão

A. Colofão

A conclusão apresenta o nome de quem solicitou o texto e do próprio autor e evidencia a grandiosidade do ensinamento.

Isso foi composto a pedido da venerável senhora Dekyong Yeshe Wangmo, que é universalmente reconhecida como uma emanação da ḍākinī de sabedoria Vajravārāhī, e que, na data favorável do quarto dia do terceiro mês do ano do Cão de Fogo (1886), ofereceu um auspicioso lenço de seda e um rosário de cristal primorosamente ornamentado. Com essa condição, eu, conhecido como Mipham Jampel Gyepa, ou Ösel Dorje, escrevi esta prece, completando-a no mesmo dia. Por meio da virtude de expressar o que quer que tenha surgido naturalmente em minha mente, independentemente e na terminologia específica do sistema da Grande Perfeição, possam todos os seres atingir o nível do protetor primordial, Mañjuśrī, o eternamente juvenil.

B. Dedicação

Dedicar a virtude pela composição do tratado:

‘O simples fato de ouvir isso certamente trará a liberação’—
Assim, Vajradhara louvou o supremo dos caminhos.
Que necessidade há de mencionar o fato de guardá-lo na mente?
Que a verdade de dharmatā rapidamente conduza à liberação!

‘Quando é difícil para os alunos seguirem veículos baseados no esforço, Os ensinamentos da mente de sabedoria de Samantabhadra surgirão’— Que esses ensinamentos essenciais, enaltecidos por tais declarações, Se espalhem por todo o universo, difundindo-se por toda parte, por toda parte!

Sarva maṅgalam.

Graças à virtude de ter gerado Essa preciosa chave cravejada de joias Que abre a fechadura vajra Possam todos os seres realizar a sabedoria de Mañjuśrī.

Assim, em resposta a um pedido de Tupten Chöpel, um monge de Shechen que guarda o tesouro do treinamento triplo, e que me pediu para escrever uma sinopse da Aspiração do onisciente Jamyang Guru da Grande Perfeição Mañjuśrī, Jamyang Chökyi Lodrö expressou essas palavras em etapas, enquanto Muksang Choktrul Kunzang Sherab ajudou escrevendo-as. Que a virtude e a bondade prevaleçam!


| Traduzido do inglês por Guilherme Erhardt, 2024.


Bibliografia

Edição Tibetana

'Jam dbyangs chos kyi blo gros. "'jam dpal rdzogs pa chen po'i smon lam gyi bsdus don rin chen nor bu'i lde mig/" a ’Jam dbyangs chos kyi blo gros kyi gsung ’bum. 12 vols. Bir: Khyentse Labrang, 2012. W1KG12986 Vol. 9: 123–128


Versão: 1.0-20240327

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